terça-feira, 26 de julho de 2011

Critérios para julgar pesquisadores - Parte I

Por Marcelo S. Alencar no NE 10
Os pesquisadores no Brasil são avaliados periodicamente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), assim como os programas de pós-graduação sofrem avaliação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e os cursos de graduação são avaliados pelo Ministério da Educação MEC).

Ao longo dos anos, o CNPq estabeleceu critérios de avaliação de produtividade de seus pesquisadores. Alguns mais justos, outros menos, em função das áreas de pesquisa serem muito diferentes. Esses critérios balizam há anos o trabalho dos pesquisadores porque a bolsa de produtividade em pesquisa é sinônimo de prestígio e qualificação, e o CNPq é uma agência idônea e competente no processo de classificação.

Claro, algumas distorções ocorrem por conta da pressão dos pesquisadores para atingirem os índices necessários para obter a bolsa ou para conseguir verbas para um projeto. Alguns desses pontos são discutidos neste artigo para tentar colocar os diversos produtos que o CNPq constantemente avalia sob uma perspectiva adequada.

Por exemplo, o impacto que um artigo científico típico tem na sociedade é pequeno, porque ele é lido, usualmente, por um pequeno número de leitores. Para atingir a populacão, é preciso que o artigo seja traduzido por gente da área de divulgacão científica.

O CNPq tem sinalizado que é útil também avaliar os artigos pelo numero de citações porque o impacto que o artigo causa na área é um parâmetro tão importante para a avaliação da qualidade da pesquisa quanto o número de
artigos publicados.

Por outro lado, as patentes, que geralmente não têm ligação direta com pesquisa (porque a maioria delas é depositada por empresas ou pessoas não relacionadas com o meio acadêmico), podem ter um grande impacto na sociedade e talvez devessem ser mais estimuladas.

Dessa forma, uma publicação de divulgação cientifica tem um impacto na sociedade muito superior ao de um artigo científico porque leva a informação a um contingente de pessoas milhares de vezes maior. A importância da divulgação cientifica, no entanto, não está sendo avaliada pelo CNPq ou pela Capes.

Um livro tem um impacto muito mais importante para os programas de pós-graduação que os artigos. Os alunos procuram os programas menos pelos artigos científicos e mais pelos livros que os professores desses programas
publicam.

Os alunos de graduação não têm oportunidade de ler muitos artigos científicos, e aqueles lidos são tipicamente de autores estrangeiros.  Ele é o indicativo da maturidade do programa de pós-graduação. A publicação de artigos em eventos pode ser, de forma análoga, associada à adolescência do Programa, enquanto que a publicação em revistas denota a fase adulta do programa.
*As colunas assinadas não refletem, necessariamente, a opinião do NE10

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