segunda-feira, 9 de março de 2015

Frente Pernambucana inicia pauta de 2015


Nesta quarta-feira (4) a Frente Pernambucana pela aprovação da PEC 555/2006 realizou a primeira reunião administrativa de 2015 na Associação do Ministério Público (AMPPE), dando continuidade à luta pela aprovação da proposta que livra os servidores públicos aposentados de contribuição previdenciária. Nove associações e sindicatos compareceram. Além da ADUFEPE e da AMPPE, estavam presentes representantes do SINDIFISCO, SINPRFPE ,SIMPERE, SINDICONTAS, SINPEF PE , SINDSEPE e do CONDSEF. 
Maria Bernadete Aragão, diretora da AMPPE, iniciou a reunião lembrando as ações locais e nacionais realizadas no ano passado. Ela ressaltou a importância de agregar forças sindicais tão distintas como a ADUFEPE e o SINDIFISCO. A promotora também relembrou que, como resultado das ações da Frente, a PEC 555 foi pautada no congresso pelo colégio de líderes, mas não houve quórum para votação. Entraves que fizeram muitos militantes pela PEC se desanimarem. A reunião teve o intuito de reanimar os servidores para a retomada da luta. “Quando entramos numa luta como esta, não podemos desistir. Mesmo sabendo que esse ano será bem mais difícil” disse o professor Guilherme Varela, coordenador do GT de aposentados da ADUFEPE.

As próximas atividades, agendadas pelo Instituto Mosap (Movimento dos Servidores Aposentados e Pensionistas) com participação da ADUFEPE, serão:

10 de março: Reunião extraordinária, na sede do instituto em Brasília;

11 de março: Encontro Nacional do Movimento Unificado dos Idosos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público e do INSS no Auditório Nereu Ramos na Câmara dos Deputados em Brasília, pela aprovação da PEC 555/2006, PL 4434/2008 e rejeição das MPs 664 e 665/2014 e a PEC 56/2014 no Senado.

A crise elétrica e a grande imprensa

Heitor Scalambrini Costa

 Professor da Universidade Federal de Pernambuco


Sem dúvida é grave a situação do setor elétrico. E pode se tornar dramática se medidas urgentes não forem tomadas. Pode-se até repetir o desabastecimento ocorrido há 15 anos, por deliberada decisão política de não se fazer os investimentos necessários na geração, transmissão e distribuição de energia.
As condições de hoje não são as mesmas do passado recente, mas os resultados da atual crise poderão ser idênticos. A oferta e o consumo de energia cresceram, como também cresceu a malha de transmissão. Mas nada cresceu como a ganância das distribuidoras privatizadas que – lastreadas em contratos draconianos de concessão (também chamados de privatização)– impõem ao consumidor uma das mais caras tarifas de energia elétrica do mundo, enquanto a qualidade dos serviços prestados é sofrível. E piora com o passar do tempo.
Para o não especialista, ávido por compreender o que se passa para ter a sua opinião, reina uma grande confusão. Pois uma grande parte dos chamados “especialistas”, convidados a opinar e debater, e dos chamados “articulistas”,ou “formadores de opinião”, acaba cometendo uma fraude contra os cidadãos. Querem fazer crer que o que dizem são comentários objetivos, isentos, sem ideologia. Quando estão, na verdade, comprometidos com os interesses das empresas, do capital, do mercado.
Não assumir a visão ideológica é cinismo, empulhação. Dizem acreditar de fato que a mão invisível do mercado pode tudo, que o liberalismo é o que pode resolver os problemas existentes.  Problemas esses resultantes essencialmente da mercantilização da energia elétrica, promovida pelos guardiões do pensamento do mercado a partir de 1995, e que culminou no racionamento de 2001/2002. Em 2004, depois de sofrer pequenas mudanças cosméticas, o Modelo do Setor Elétrico passou a ser chamado de “Novo Modelo do Setor Elétrico”.
Dizem que a situação vai de mal a pior por obra e culpa do governo de plantão. Falam em nome de uma ideologia à qual devotam uma crença inabalável, e prestam um desserviço aos interessados em informações, quando emitem opiniões baseados em um só lado da moeda. Partidarizam a discussão, fazem a luta política em um contexto no qual a política elétrica atual é uma continuação daquela de governos e partidos políticos que governaram o país desde o começo da Nova República. É o sujo falando do mal lavado.
O que esses “especialistas” não questionam é a existência de uma concentração de poderes e de um acentuado caráter autoritário na condução da política do setor elétricono país, o que acaba subordinando o futuro ao presente. Verifica-se que, ao longo do tempo, feudos partidários foram instalados no governo federal, sendo um deles o Ministério de Minas e Energia, cujo segundo escalão concentra muitos órgãos com alto e forte poder de decisão financeira e administrativa. É uma excrescência este ministério, tão relevante e estratégico ao país, ser considerado como moeda de troca no “toma lá, dá cá” das composições políticas. E o loteamento político do atual Ministério de Minas e Energia repete fórmulas já usadas nos governos anteriores.
Preconiza-se, com urgência, uma maior publicização da questão energética na sociedade, incentivando o debate de ideias e o confronto de interesses em condições adequadas de informação e conhecimento, se constituindo assim em instrumentos fundamentais na formulação de uma estratégia energética sustentável e democrática. A democratização do planejamento do setor energético por meio da abertura de espaços efetivos e transparentes de participação e controle social é tarefa para ontem.
Dentre as medidas recentes tomadas para combater a crise elétrica, uma que se convencionou chamar de “realismo tarifário” promoveu um aumento desproporcional e despropositado das tarifas elétricas, beneficiando diretamente o caixa das distribuidoras, que exercem um forte lobby junto às autoridades do setor elétrico. Sem dúvida, energia mais cara acarretará menor consumo, que assim aliviará, em parte, a pressão sobre a demanda, i.e. sobre o sistema como um todo.
Entre essas e tantas, debater a regulação econômica da mídia é mais do que necessário é urgente. Somente assim poderemos almejar uma sociedade com mais pluralismo e mais democracia, com cidadãos que poderão olhar criticamente uma notícia sob variados pontos de vista e não apenas a partir da “verdade única” dos colunistas, dos “especialistas”, desses endeusadores do oráculo do mercado.