quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Meu Tempo De Historicidade Sindical no Agora com o Olhar No Amanhã

Por Jarbas Souza
GT de assuntos de aposentadoria da ADUFEPE

   Estimados sindicalistas, mas que sindicalistas, colegas professores com os quais a cada dia aprendo a arte da representação sindical, a quem dedico meu servir como tal na defesa da nobre classe professoral.
Assim é que me é permitido chamá-los neste momento da minha temporalidade de sindicalista.
Não me parece muito fácil dizer o que sentimos, quando os sentimentos são tão puros que ao tomar forma senso-material, quase sempre perdem sua beleza intrínseca para dar lugar a concepções pré-formadas e convencionalmente preconizadas pelo homem socializado ou poluído pelas sofisticações da sociedade de bens de consumo.
Parece-nos que foi ontem, quando aqui chegamos para enfrentar o desafio de representar os docentes, com tamanha responsabilidade.
Por várias vezes tenho procurado me colocar diante de vocês de uma maneira que creio está convencido ser a melhor. Muito embora não tenha podido agradar, informar formando de modo mais sábio. Mas o faço agora, na forma não menos antiga de comunicação entre os homens de bem e de esperanças.
É necessário estar convencido de alguma coisa, pois se assim não for, a vida não tem nenhum sentido.
É fundamental, imprescindível crer em algo transcendental ao plano físico. São nossas crenças que nos mantêm de pé na luta por um mundo melhor.
Não é a forma material da natureza de qualquer ser que é essencial, pois ela simplesmente reflete a imagem daquilo que é. Ela é efêmera. Diante disto, para onde será que caminhamos? Será que lutamos pela vida ou para a vida?
As indagações são muitas e na realidade, poucas são as respostas que fundamentadas na lógica, objetivam a razão de nosso próprio ser.
            Mas nem por isto deixaremos de existir.
            Haverá sempre dor nos homens.
            E não é por saber disto, que devemos perder a esperança e o ideal.
O homem em seu devir de historicidade, para tornar-se homem, deve apoiar-se na justiça na verdade e no amor.
E no centro deste triangulo eqüilátero, o seu “senso humanitário” na busca pela paz, compreensão e a felicidade entre os povos de todas as raças.
            Nunca o mundo precisou tanto de nós, de nosso amor.
Nunca o próximo necessitou tanto de amor.
Nunca estivemos tão longe de nós mesmos e do reconhecimento de nossa importância para quebra os paradigmas da crise existencial dos valores morais e éticos.
Nunca necessitamos tanto de ser grandes.
E o verdadeiro segredo da grandeza está em: sempre avançar e nunca voltar atrás no amor. Amar intensamente todos os nossos irmãos com “humanidade”. Sofrer com seus fracassos, com suas angústias e necessidades. Amá-los por tudo quanto neles há de valor autêntico. Amá-los para que cada um se torne mais do que é.
Remonto na lembrança a memória de Antoine de Saint Exupéry “cativar é uma coisa muito esquecida: significa criar laços” vocês me cativam, e eu serei eternamente responsável por todos vocês. É nessa busca do cativar que construiremos nossa unidade na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Laços que jamais se partirão, mesmo que haja o hiato do ser físico, mas o registro da memória não sofrerá conseqüência da erosão do tempo.
Quero neste lembrar, e não poderia deixar de fazê-lo, pois a obra de nossa temporalidade é constitutiva do somatório das experiências do agora e sempre.
O agora, o que foi e o que será, assim, é o que estendemos o permanecer do homem no espaço e no tempo, realizando-se homem enquanto homem, ser em constante dinamismo de transformações socioculturais.
A interrogação acerca do homem é concomitante do próprio ser do homem, sob alteradas condições de existências, novas respostas surgem, e se o homem enquanto homem se afundasse na mera existência, anular-se-ia a interrogação: de onde provimos? Qual o sentido? Qual a meta da nova vida?
Do individuo? Dos povos? Da humanidade? Em especial de nosso sindicalismo verdadeiramente representativos de nossa classe professoral. Quais as nossas possibilidades e os nossos limites? Quem somos verdadeiramente? Qual a nossa posição no mundo no espaço sindical? Qual a tarefa que desde sempre nos está destinada?
A reconhecível necessidade natural da nossa existência e o inapreensível poder da nossa liberdade, a historicidade da nossa existência sem a qual nada seriamos e a nossa superioridade em relação a historia com pendor para des-historicizar o nosso ser humano.
O paradoxo da nossa condição sindical patenteia-se nas possíveis reações de nossas relações interpessoais menos destruidoras, que seguem no caminho para a liberdade de um sindicato independente sem amarras buscando o bom senso conjunto com todos quantos se manifestarem decididos em uma luta sem baixas, mas com conquistas reais pela qualidade de vida dos professores e da cidadania. A liberdade da corporeidade da transcendência converte-se na total ausência de interesses indignos a plenitude humana.
A liberdade na instabilidade das cifras converte-se no abismo do nada.
A liberdade do saber converte-se na prisão da superstição cientifica, aquilo que alguns alcançaram, traduzindo e transformados por outros, converte-se no contrário do que foi realizado e aprendido.
A libertação da corporeidade da transcendência converte-se na escravatura da indústria mecanizada.
A libertação política converte-se na escravidão externa e interna de imposições totais.
Não são de modo algum inevitáveis todas estas incongruências. Incumbe a liberdade do homem, dar testemunho de si pela força de domínio que exerce sobre as prisões que ele próprio engendrou.
A pergunta sem a qual o risco da liberdade não seria risco mantém-se: será o caminho do homem como uma chama que a si próprio se consome? Se assim é será o seu mais alto surto do cominho para o suicídio da existência da humanidade? No decurso do milênio durante o qual as experiências judaicas se inscreveram nas escrituras bíblicas veio a lume tudo quanto em relação polar com a filosofia e a poesia grega que desde então determinou os ocidentais.
O homem é fundamentalmente diferente e mais do que qualquer outro ser vivente, e mais do que tudo o que sabe de si quando se torna objeto de si próprio na antologia, na psicologia, na sociologia, na política e nas artes.
O homem enquanto homem não é um animal bem conformado dentro de sua espécie, com determinadas características e predeterminados trilhos vitais que se repetem idênticos através das gerações.
O futuro já não se ateve, como até hoje, em continuidade de vida e de condições semelhantes, mas como possibilidades extraordinariamente limitadas pela ameaça da destruição total.
De que forma conviveremos com a historia? O saber histórico do nosso tempo e a possibilidade de informações nos vastos círculos nunca foi tão extenso. Vemos historicamente a multiplicidade do mundo e do indivíduo, as evidências com que o homem tem julgado compreender-se.
A obra sindical é como a obra da educação e o ser do mestre. É como um apreender, escutar e atender, um receber e dar. A arte sindical é descobrir na realidade a forma ideal de fazer o governo e a sociedade entender a importância das instituições de educação na medida em que entende que ela foi e sempre será fator de desenvolvimento de um país e como tal fator de segurança nacional, para a consolidação da democracia e do bem estar do povo, se cada um for o que deve ser agora e sempre.
Minha função é co-participar com todos vocês, nesse processo, em meu tempo de historicidade, na busca dessa compreensão de sensibilização e mobilização para alcançar a plenitude de nossos ideais sob a égide da justiça da verdade e do amor com mais respeito pelo nosso irmão. 
Não só debatendo as questões intrinsecamente políticas, mas, transmitindo à sociedade de quem devemos tudo e nada damos, a importância do ensino nos três níveis do conhecimento, mostrando que é das universidades que saem as maiores pesquisas de benefícios sociais e, sobretudo da importância do professor nesse contexto. Um comunicar ao espírito das pessoas que são e operam com a sociedade, e dizer a realidade, do que é, como é, tal qual deve ser, ou seja, mostrar os bastidores da educação brasileira e a necessidade vital de acordar para enxergar o seu desmoronamento .
Caríssimos colegas sigam sempre em frente e nunca voltemos atrás no amor. Olhemos as experiências do passado e sintamos que o futuro depende de nós no agora.
Assim, pois, resta-me dizer que se vacilarmos por falta de estímulos e coragem para o enfrentamento na luta por um amanhã mais próximo de um “Shangrilá”, quem sabe poderemos num futuro não muito longínquo, sermos exumados para responder por nossas fraquezas e determinação em nossas atitudes na questão sindical verdadeiramente representativa em defesa dos reais interesses dos professores.

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