quarta-feira, 8 de junho de 2011

Palocci renuncia ao cargo de ministro

Em nota, o ministro diz considerar que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Dilma Rousseff aceitou sua demissão e lamentou perda do colaborador.


 Depois de quase um mês das denúncias de aumento do patrimônio o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, renunciou ao cargo nesta terça-feira (7).

Às 18h30 desta terça chegava ao fim a trajetória de Antonio Palocci no governo Dilma. O dia seguinte ao parecer do procurador-geral da República foi mais difícil do que a aparência de Palocci demonstrava e os aliados do ministro esperavam. Embora o parecer o inocentasse, o clima político era desfavorável.

No Senado, a petista Marta Suplicy propôs uma nota de apoio a Palocci, mas os colegas de partido não aceitaram a ideia. A oposição pressionava e corria atrás das assinaturas necessárias para criar uma CPI.

“Estamos com muito boas perspectivas para chegar pelo menos no Senado as 27”, afirma o senador José Agripino.

No palácio, depois de uma hora reunido com a presidente, a nota de demissão de Palocci. Nela o ministro chama de robusta a manifestação do procurador-geral da República que, segundo ele, confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais e a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta.

No fim da nota, o ministro diz considerar que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento. Em seguida, a presidente Dilma também divulgou nota. Nela diz que aceitou a demissão e que lamenta a perda de tão importante colaborador. Dilma agradeceu a Palocci, os inestimáveis serviços que prestou ao governo e ao país.

A crise começou no dia 15 de maio, quando a Folha de São Paulo publicou uma reportagem mostrando que Palocci multiplicou por 20 o patrimônio dele durante o mandato exercido como deputado federal, entre 2006 e 2010.

No dia seguinte, a comissão de ética da Presidência da República descartava a possibilidade de investigar Palocci sob o argumento de que tudo aconteceu antes dele virar ministro.

No dia 20, em nova reportagem, a Folha informou que a empresa de consultoria de Palocci - a Projeto - tinha faturado R$ 20 milhões só em 2010.

O Congresso exigia explicações públicas. No dia 26 de maio, a presidente Dilma Rousseff deu uma declaração sobre o caso. "O ministro Palocci está dando todas as explicações para os órgãos de controle, as explicações necessárias".

No dia três de junho Palocci, em entrevista ao Jornal Nacional, afirmou que a empresa dele não atuou com contratos públicos. "Tudo o que eu fiz foi dentro da legalidade, do maior rigor ético”.

Politicamente, as explicações não foram suficientes. É a segunda queda de Palocci. Ele foi o homem-forte do governo Lula. Caiu ainda no primeiro mandato, depois de se envolver no episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Palocci coordenou a campanha presidencial e voltou para o governo, no comando do principal ministério: a Casa Civil.

Na mesma nota - em que lamentou a saída de Palocci - a presidente Dilma anunciou a nova titular do ministério: a senadora Gleisi Hoffmann, do PT do Paraná.


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