Professor Jarbas Souza
Todos assistiram pela internet, e em rede nacional o desabafo da professora Amanda Gurgel, falando aos Deputados do Rio Grande do Norte, em audiência pública, das necessidades dos professores do Ensino Fundamental e Médio daquele estado.
Como aposentado da UFPE, não poderia deixar passar em branco o meu comentário sobre essa corajosa professora, que colocou com muita clareza e propriedade, as necessidades básicas da classe professoral.
Como bem se expressou, “em nenhum governo, em nenhum momento nós tivemos em nosso estado, em nossa cidade, em nosso país, a educação foi um prioridade”. Acho até que nos últimos quarenta anos, não houve projeto algum dos governos, que levasse a sério a educação, ou melhor, que entendesse educação como fator de segurança nacional.
A repercussão da fala da professora, abriu uma brecha na realidade da educação brasileira que há muito vem sendo maquiada para favorecer aos que tem interesses obscuros, deixando cada vez mais o ensino sucateado, e assim possibilitando discursos inflamados em campanhas, que ao se elegerem, empurram para frente, em detrimento de outros interesses.
Na verdade, o ensino nos três níveis, vem sendo sucateados ao longo dos anos, sem que nada de concreto tenha sido feito, ações que valorizem o ensino como um todo, sobretudo o ensino primário, a base de toda estrutura da educação de qualquer país.
Ouvem-se tantos discursos sobre crescimento e outros adjetivos com vistas ao desenvolvimento sustentável, são gastos tantos documentos firmando compromissos com a cidadania, que chegamos a pensar que todos os esforços são abduzidos a cada gestão de governos, e o principal fator de desenvolvimento, a educação, sempre é colocado em segundo plano.
Recentemente, em um documentário veiculado na mídia, ficou clara a importância de duas palavras para o desenvolvimento da china – disciplina e educação.
As angustias da profª. Amanda, são as mesmas de toda classe professoral, uma categoria em extinção em razão das desilusões, sobretudo aquela de vê o país com uma qualidade de vida melhor para os cidadãos.
É realmente desolador ouvir do principal formador de opinião de um país democrático e de direito, um desabafo de desesperança aos gestores e legisladores que recebem procuração do povo para em seu nome formular políticas de qualidade de vida, que passam principalmente pela educação.
Não gostaria de pensar que em pleno século XXI, a política de alguns que se dizem preocupados com a educação brasileira, queira agir de forma semelhante. Na Grécia antiga, quando um pensador e formador de opinião fora condenado à morte por possível corrupção da juventude. Esse era o preço para calar a boca daqueles que colocavam em risco as práticas de políticas desonestas. Hoje quando vemos pela mídia uma professora se lamentando da qualidade de vida dos trabalhadores da educação, pensamos que mudou o formato, porém a filosofia continua a mesma: calar os formadores de opinião, desestimulando a categoria e provocando assim sua extinção.
Salários aviltantes, condições de trabalho inadequadas e escolas superlotadas sem a mínima segurança. Com certeza somente os idealistas incorrigíveis continuam acreditando na possibilidade de mudanças através da educação, em um país onde a criminalidade tem mais proteção do que um professor que forma o cidadão para o porvir da nação.
Estar, pois, de parabéns essa grande mulher e professora, que corajosamente colocou de forma clara, em bom som, as necessidades da classe professoral, sem titubear, com uma linguagem que lhe é própria como professora de nossa língua pátria.
Aliás, nos passou, uma grande lição de civismo e cidadania, sem ódio e sem medo.Por uma educação verdadeiramente libertadora sem mentiras ou sofismas.
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