quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Série Aula de Vida


" A história da universidade depende da história do Professor" 

Ignez de Rêgo Barros 

por Suara Macedo 


              Ela viu a UFPE nascer, crescer e frutificar. Ainda hoje, com 86 primaveras vividas (as quais tem muita alegria em anunciar), a professora Ignez Rabello de Rêgo Barros participa da Adufepe, seja dando o seu voto nas eleições, seja participando das assembleias gerais. Para ela nada disso é novidade. Ignez presenciou as primeiras assembleias da Adufepe em 1979, quando a entidade surgiu – “Se você olhar as primeiras atas das reuniões, verá que o meu nome está escrito” garante a professora. 

            Aposentada desde 1991, professora da UFPE desde 1969 ela tem muito a compartilhar. Durante esses anos atuou no departamento de Letras da UFPE, ensinando francês (tradução e prática de ensino). Para firmar sua história de educadora foram muitos os obstáculos a vencer. Aos 20 anos de idade ela já estava graduada em Letras pela Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire). Numa época em que “mulher não tinha vez” Ignez também se graduou em direito na faculdade que é símbolo da emancipação brasileira. “Em minha turma na Faculdade de Direito do Recife, havia 116 rapazes e 4 moças”, recorda. Diante do contexto machista, ela não seguiu a carreira jurídica, “Não cheguei a advogar porque naquele tempo mulher não tinha vez, as pessoas não confiavam nas mulheres”. 

Mas a ela foi confiado o ensino da lingua dos filósofos e acadêmicos. O primeiro ofício de Ignez foi ministrar aulas de latim na escola Sagrada Família.  Em 1951, recebeu uma bolsa de estudos e partiu para Paris, onde se especializou em francês e língua estrangeira para professores na Sorbonne. 

Começou a dá aulas na Universidade Federal de Pernambuco em 1969. Foi fundadora da Associação dos professores de Frances do Recife. 

Embora tenha atuado todos esses anos na educação superior, a professora acredita que o mais importante está nas séries iniciais. “Eu acho que educação vem de base. Se o professor primário não for preparado não haverá avanços. Deveriam cuidar mais da educação primária, incluindo o salário do professor” protesta. 

Com este sentimento de fé e esperança no ensino básico a professora Ignez Rabello escreveu sua história nas páginas da UFPE.  Para ela as histórias se entrelaçam “A história da universidade depende da história do professor”.

Um comentário:

  1. Muito orgulho de ser neta de Dona Ignez. Quando me perguntavam se eu tinha algum ídolo, desde pequena dizia serem meus pais e minha avó. Um exemplo de mãe, irmã, avó, professora e mulher. :)

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