À professorinha leiga, que sem preparo formal,
Ensina adulto e criança,
fazer carta e ler jornal.
Que, educando, politiza,
forma o grupo, o mutirão,
Da verdade conscientiza,
promove a organização.
Que valoriza o saber do
seu povo – gente pobre –
E à linguagem popular
incorpora a dita “nobre”.
Aquela - parte da vida -
como a semente do chão;
Por isso, dita e sentida,
usada sem confusão.
Junta à outra elaborada -
a simbólica e “correta”-
Que é devida à criançada,
pra falar de forma “certa”,
Se instrumentar vida
afora, na cultura elitizada,
Pra saber “fazer a hora”,
sem esperar, conformada.
Conhecendo a realidade e
amando tudo o que faz
Ao desvelar a
verdade, sabe do quanto é capaz.
Acredita na criança, que
pensa e cria, brincando;
Lendo o texto e o
contexto, seja no livro ou jornal,
Ensina
pra transformar esse mundo desigual.
Lêda
Rejane Accioly Sellaro
·
Os versos fazem parte de um trabalho sobre o
professorado leigo,
solicitado
pelo professor Paulo Freire, no último curso ministrado no Mestrado em Educação
da UFPE, no final dos anos 80.
Nenhum comentário:
Postar um comentário