segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professora Esperança *

Por Lêda Rejane Sellaro




À professorinha leiga, que sem preparo formal,

Ensina adulto e criança, fazer carta e ler jornal.

Que, educando, politiza, forma o grupo, o mutirão,

Da verdade conscientiza, promove a organização.

Que valoriza o saber do seu povo – gente pobre –

E à linguagem popular incorpora a dita “nobre”.

Aquela - parte da vida - como a semente do chão;

Por isso, dita e sentida, usada sem confusão.

Junta à outra elaborada - a simbólica e “correta”-

Que é devida à criançada, pra falar de forma “certa”,

Se instrumentar vida afora, na cultura elitizada,

Pra saber “fazer a hora”, sem esperar, conformada.

Conhecendo a realidade e amando tudo o que faz

Ao desvelar a verdade,  sabe do quanto é capaz.

Acredita na criança, que pensa e cria, brincando;

A professorinha leiga não espera, vai  lutando.

Lendo o texto e o contexto, seja no livro ou jornal,

Ensina pra transformar esse mundo desigual.

Lêda Rejane Accioly Sellaro



·         Os versos fazem parte de um trabalho sobre o professorado leigo,
solicitado pelo professor Paulo Freire, no último curso ministrado no Mestrado em Educação da UFPE, no final dos anos 80.

Nenhum comentário:

Postar um comentário