sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Elocubrações Sobre o Sentido da Vida



Artigo do professor Jarbas Souza

No mundo contemporâneo, os homens com sua inteligência, já realizaram uma infinidade de conquistas e não lhes foi possível ainda revelar o grande mistério da vida. Suas realizações, os avanços no campo das ciências, ainda se deparam diante da grande interrogação: por que a morte?
De onde, por que e para onde. Eis questões que nos parecem bastante embaraçosas.

Com Certeza um Grande Mistério

Segundo Charles Darwin, 1809-1882, a Origem das Espécies. “Todos os seres orgânicos que vivem sobre a Terra, descendem provavelmente de uma única forma primordial, na qual a vida foi insuflada pela primeira vez”. Assim sendo, contrariando a visão religiosa que Deus criou o homem, todos somos descendentes de bactérias, mais diretamente de símios. 

 “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente. Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado.  E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”

“Todo o homem que pensa que é insuficiente o que tem, é um homem infeliz ainda que seja o dono do mundo inteiro.” Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, citado por Séneca em Epístolas a Lucílio.

Essas reflexões nos levam a meditar sobre o sentido da vida. Uma busca permanente dos homens desde os primórdios de todas as civilizações existentes em nosso planeta. A vida por ser um grande mistério nos leva também a acreditar em outras dimensões, pois nesta apenas passamos, para compreendermos melhor nossa missão como encarnados. 

Na minha busca pelo sentido da vida, eu gostaria de ser como um Nicolas Winton, Ryan Hreljac ou Luis Braille, talvez, quem sabe, um grande compositor que através da música pudesse retratar a essência da alma soprando na voz de um tenor orquestrado com sons incomparáveis de cordas, madeiras, metais, teclados com os balanços dos tímpanos. Assim, nesta orquestra sinfônica, ecoar as mais emocionantes partituras da vida poética, resgatar o romantismo que a muito se perdeu no tempo.

Na verdade, nessa busca incansável pelo sentido maior da vida, queria voltar a ser criança para exalar a esperança de um mundo melhor sem ódio, inveja, sem guerra, mas com muito amor, para que nossos irmãos pudessem viver igualmente felizes sem discriminações.

Queria também ser um poeta desses que sabem cantar em versos e prosas a beleza dessa vida terrena.
Ora, há de se perguntar por que, queremos ser tantos entes e possuir muito, se somos apenas um indivisível, com passagem sem direito a bagagem? 

Nessa passagem, muitos querem ser como tantos que a história tem registrado até hoje, como expressões do bem, com virtudes incomparáveis, causando-nos admirações com seus feitos incomuns servindo de exemplo para a humanidade. Citá-los seria escrever muitas páginas que dariam quilômetros de papeis e mesmo assim cometeríamos o risco do esquecimento de alguns. 

Também, existem outros que tomaram outros direcionamentos, espelhando-se naqueles que a humanidade abominou suas atitudes.
   O que eu não queria, era sentir vergonha como sentiu Rui Barbosa - "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

- “Quando considero a curta duração da minha vida, engolida na eternidade do antes e do depois, e o pequeno espaço que eu preencho, e posso ver, ultrapassado pela infinita imensidão de espaços que ignoro e que não me conhecem, fico assustado, e espantado por estar aqui em vez de lá; porque não há razão para aqui em vez de lá, ou agora em vez de então. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem e em que direção este lugar e tempo me foram atribuídos?” B. Pascal, 1623-1662. 

Como Pascal, ao ser engolido pela eternidade, ao saber que o antes e o depois são sempre o agora na dimensão do espírito, e que nessa imensidão cosmológica, somos tão pequenos fisicamente que não fazemos ideias de nossa grandeza.  

Somos, portanto, um pequeno grão de areia nesse infinito universo. Certamente teremos que percorrer muitas dimensões para compreender o verdadeiro sentido da vida. E aí a grande indagação: de que vale conquistar todas as glórias, se viermos a perder a nossa honra em detrimento de sua virtual prosperidade e afirmação social?

Percebemos que o universo vem se desenvolvendo numa velocidade, tal que, algumas transformações em especial nosso planeta, tem preocupado os estudiosos das ciências, não obstante as imperceptíveis intervenções dos povos conscientes de que não basta só os discursos retóricos, mas, ações efetivas na direção de evitar uma hecatombe.

Considerando esta dimensão da reavaliação espiritual, do entendimento harmônico da vida propriamente dita, ressaltamos a importância da busca pelo verdadeiro sentido da vida, em razão de nossa pequena efemeridade.  

Ao obtermos mais uma chance de reavaliar nossos conceitos nessa temporalidade, não nos apercebemos da necessidade de compreender e aceitar o transcendental. Embriagados, com os aspectos do mundo material e suas fantasias, mergulhamos nesse universo sem se dar conta, que nossa vida nessa dimensão é curta. 

Alguns levam a vida como num carnaval; a cada instante mudam suas fantasias cujas máscaras revelam suas identidades de acordo com o bloco a seguir e na próxima esquina, ao passar outro bloco, mudam suas máscaras para no vai-e-vem da passarela, acreditar em seu sucesso, ora como porta-bandeira ora como mestre sala, quando todos já tirarão suas fantasias, continuam com suas máscaras no bloco social desta vida, continuando com sua trajetória de falso mestre-sala.  

E assim caminha a humanidade vestindo fantasias diversas, inebriadas pelo vinho das conquistas materiais, esquecendo que o tempo é implacável e talvez não se tenha outra oportunidade para fazer o bem do outrem, contribuindo com a qualidade de vida do semelhante nesta dimensão, passaporte para outras.

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