Artigo do professor Jarbas Souza
No mundo contemporâneo, os homens
com sua inteligência, já realizaram uma infinidade de conquistas e não lhes foi
possível ainda revelar o grande mistério da vida. Suas realizações, os avanços
no campo das ciências, ainda se deparam diante da grande interrogação: por que a
morte?
De onde, por que e para onde. Eis questões que nos parecem
bastante embaraçosas.
Com Certeza um Grande Mistério
Segundo Charles Darwin, 1809-1882, a Origem das Espécies.
“Todos os seres orgânicos que vivem sobre a Terra, descendem provavelmente de
uma única forma primordial, na qual a vida foi insuflada pela primeira vez”. Assim
sendo, contrariando a visão religiosa que Deus criou o homem, todos somos
descendentes de bactérias, mais diretamente de símios.
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da
terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se
alma vivente. Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no
Éden; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda
qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore
da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”
“Todo o homem que pensa que é insuficiente o que tem, é um
homem infeliz ainda que seja o dono do mundo inteiro.” Epicuro, 341-270 a.C.,
filósofo grego, citado por Séneca em Epístolas a Lucílio.
Essas reflexões nos levam a meditar sobre o sentido da vida.
Uma busca permanente dos homens desde os primórdios de todas as civilizações
existentes em nosso planeta. A vida por ser um grande mistério nos leva também a
acreditar em outras dimensões, pois nesta apenas passamos, para compreendermos
melhor nossa missão como encarnados.
Na minha busca pelo sentido da vida, eu gostaria de ser
como um Nicolas Winton, Ryan Hreljac ou Luis Braille, talvez, quem sabe, um
grande compositor que através da música pudesse retratar a essência da alma soprando
na voz de um tenor orquestrado com sons incomparáveis de cordas, madeiras,
metais, teclados com os balanços dos tímpanos. Assim, nesta orquestra
sinfônica, ecoar as mais emocionantes partituras da vida poética, resgatar o
romantismo que a muito se perdeu no tempo.
Na verdade, nessa busca incansável pelo sentido maior da
vida, queria voltar a ser criança para exalar a esperança de um mundo melhor
sem ódio, inveja, sem guerra, mas com muito amor, para que nossos irmãos
pudessem viver igualmente felizes sem discriminações.
Queria também ser um poeta desses que sabem cantar em
versos e prosas a beleza dessa vida terrena.
Ora, há de se perguntar por que, queremos ser tantos entes
e possuir muito, se somos apenas um indivisível, com passagem sem direito a
bagagem?
Nessa passagem, muitos querem ser como tantos que a história
tem registrado até hoje, como expressões do bem, com virtudes incomparáveis,
causando-nos admirações com seus feitos incomuns servindo de exemplo para a
humanidade. Citá-los seria escrever muitas páginas que dariam quilômetros de papeis
e mesmo assim cometeríamos o risco do esquecimento de alguns.
Também, existem outros que tomaram outros direcionamentos,
espelhando-se naqueles que a humanidade abominou suas atitudes.
O que eu não
queria, era sentir vergonha como sentiu Rui Barbosa - "De tanto ver triunfar
as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
- “Quando considero a curta
duração da minha vida, engolida na eternidade do antes e do depois, e o pequeno
espaço que eu preencho, e posso ver, ultrapassado pela infinita imensidão de
espaços que ignoro e que não me conhecem, fico assustado, e espantado por estar
aqui em vez de lá; porque não há razão para aqui em vez de lá, ou agora em vez
de então. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem e em que direção este lugar e
tempo me foram atribuídos?” B. Pascal, 1623-1662.
Como Pascal, ao ser engolido pela eternidade, ao saber que o
antes e o depois são sempre o agora na dimensão do espírito, e que nessa
imensidão cosmológica, somos tão pequenos fisicamente que não fazemos ideias de
nossa grandeza.
Somos, portanto, um pequeno grão de areia nesse infinito
universo. Certamente teremos que percorrer muitas dimensões para compreender o
verdadeiro sentido da vida. E aí a grande indagação: de que vale conquistar
todas as glórias, se viermos a perder a nossa honra em detrimento de sua
virtual prosperidade e afirmação social?
Percebemos que o universo vem se desenvolvendo numa
velocidade, tal que, algumas transformações em especial nosso planeta, tem
preocupado os estudiosos das ciências, não obstante as imperceptíveis
intervenções dos povos conscientes de que não basta só os discursos retóricos,
mas, ações efetivas na direção de evitar uma hecatombe.
Considerando esta dimensão da reavaliação espiritual, do
entendimento harmônico da vida propriamente dita, ressaltamos a importância da
busca pelo verdadeiro sentido da vida, em razão de nossa pequena efemeridade.
Ao obtermos mais uma chance de reavaliar nossos conceitos
nessa temporalidade, não nos apercebemos da necessidade de compreender e
aceitar o transcendental. Embriagados, com os aspectos do mundo material e suas
fantasias, mergulhamos nesse universo sem se dar conta, que nossa vida nessa
dimensão é curta.
Alguns levam a vida como num carnaval; a cada instante mudam
suas fantasias cujas máscaras revelam suas identidades de acordo com o bloco a
seguir e na próxima esquina, ao passar outro bloco, mudam suas máscaras para no
vai-e-vem da passarela, acreditar em seu sucesso, ora como porta-bandeira ora
como mestre sala, quando todos já tirarão suas fantasias, continuam com suas máscaras
no bloco social desta vida, continuando com sua trajetória de falso mestre-sala.
E assim caminha a humanidade vestindo fantasias diversas,
inebriadas pelo vinho das conquistas materiais, esquecendo que o tempo é
implacável e talvez não se tenha outra oportunidade para fazer o bem do outrem,
contribuindo com a qualidade de vida do semelhante nesta dimensão, passaporte
para outras.
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