quinta-feira, 3 de maio de 2012

A que ponto chegou o SER, Homem ou animal!


Artigo de Jarbas Souza prof. aposentado/UFPE

Um dia desses assisti com muita tristeza, um homem, certamente mendigo, retirar de um saco de lixo, colocado na calçada, restos de alimentos orgânicos, servindo-se dos mesmos. Um quadro sem dúvida dos mais dantescos que jamais poderíamos assistir neste século.

Temos assistido muitos horrores, ouvido muitas barbaridades, muitas histórias fantásticas registradas pela mídia ou por outras formas de divulgação, mas, nunca meus olhos assistiram a um ser humano alimentando-se de restos encontrados no lixo urbano como fazem os animais sem donos soltos pelas ruas do Recife. 
Naquele momento fiquei tão estarrecido diante daquele quadro, para mim tão surrealista, só visto nas telas de pintores ou senas cinematográficas, que mal pude acreditar no que estava a olhar. A perplexidade me acompanhou por longo tempo caminhando comigo em minha memória, aquele quadro urbano que a pouco via pela janela do ônibus em que viajara.

Aos poucos minha perplexidade fora se transformando em revolta ocupando o lugar da tristeza, que poderia não ter sido nenhuma coisa nem outra, mas, o encantamento de um pedaço da paisagem urbana de um Recife que já fora a terceira capital do Brasil.
Há de lamentarmos, pois, estamos aguardando uma eleição para prefeito e juntamente com os futuros legisladores do município além de duas copas: das Confederações e do mundo.

A que ponto chegou o SER, Homem ou animal! Onde estaria a dignidade humana? Qual o respeito que os gestores e políticos têm pela pessoa humana! Será que por ser pobre, preto, sem família, quem sabe doido, não mereceria respeito pela condição humana!
Se por acaso ali estivesse um irracional, e alguém lhe atirasse uma pedra, ou lhe fizesse quaisquer maus tratos, certamente apareceria alguém e o denunciaria ás autoridades que de pronto o enquadraria na lei de defesa dos animais. Mais é que o poder público só enxerga o que pode lhe dar ibope ou dividendos eleitorais.

Não, mas ali não estava nenhum animal para servir de mote para aparições de algum sofista.
Aquele homem também não estava roubando nada que dessa oportunidade, pudessem os fariseus que se dizem popular, junto com a mídia, armassem o circo  da enganação.
Não resta dúvida da inexistência de uma consciência de que todo ser humano tem o direito à cidadania com o devido respeito e dignidade, não importando sua condição social, religiosa seja ele um lascado de vida, doente mental, negro, branco, amarelo, analfabeto ou doutor. Todos são imagem e semelhança de Deus.

Creio que a sociedade não merece esse tratamento, principalmente dos políticos que se apresentam com propostas inovadoras de transformação de fazer inveja, mas, são promessas nada mais que promessas são palavras que o vento leva, pois, todos somem após eleitos, e só voltam a aparecer nas próximas eleições, e novamente armam o circo.
Assim, tem sido ao longo de nossa historicidade brasileira, forjada de mentiras, corrupções, e de falsos profetas da política, que se aproveitam da ignorância do povo com promessas cujos compromissos nunca são cumpridos.

Os homens em sua grande maioria, não aprenderam muito ao longo de toda historia da humanidade. Grandes lições foram passadas, muitas de pai para filho, enaltecendo a importância da cidadania, que chama a atenção para um dos princípios fundamentais da vida - dignidade humana.

Quicas, um dia possamos arruar pela paisagem urbana sem ter que ser assaltados  por bandidos ou violentados por quadros que ferem a cidadania.

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